TUTORIAL COZINHA GREGA
Alguns dos traços principais da cozinha grega já apareciam na Grécia Clássica, um dos berços da civilização ocidental. Naquela época, o azeite de oliva, os peixes e frutos do mar, muitos dos quais eram conservados e salgados, e os vinhos já eram importantes na dieta do povo. Mas a cozinha do país foi mudando ao longo dos tempos e hoje pode ser considerada uma simbiose da culinária do Mediterrâneo Oriental com alguma influência balcânica. A Grécia Clássica era relativamente austera no que diz respeito aos prazeres da mesa, mas o vinho representou um papel importante em sua civilização. Os gregos, grandes comerciantes, propagaram esse néctar por todo o Mediterrâneo e eram bravos consumidores. Eles sabiam produzir o vinho, mas tinham dificuldades em mantê-lo sadio durante muito tempo. Uma das soluções encontradas, foi a de misturar algumas resinas ao vinho. E esse é um hábito culinário da Grécia Clássica que sobrevive no vinho "retsina", o mais popular do país. Um vinho diferente, o retsina, diante do qual é difícil ficar indiferente: é gostar ou detestar.
Hipócrates, o patrono da Medicina, lançou as bases da dietética, pregando alimentos sadios e simples e Platão, irritado com o que interpretava como frivolidade de sua época, chegou a pregar a expulsão de cozinheiros e poetas.
Felizmente, o filósofo não foi ouvido e a poesia grega pode legar jóias literárias ao mundo. Os cozinheiros também continuaram e acabaram entre os mais famosos do Império Romano, quando o requinte e os excessos da culinária chegaram ao máximo.
A cozinha foi mudando a medida em que a Grécia foi sofrendo as influências ditadas pela História. Durante muitos séculos, fez parte do Império Otomano, que subjugou o decadente império com sede em Constantinopla. As tendência culinárias foram se cruzando. Se foram os turcos que influenciaram a cozinha grega, ou se aconteceu o contrário, é uma discussão interminável.
Mas o fato é que as semelhanças entre a cozinha grega atual e outras do Mediterrâneo Oriental são gritantes. Pratos como o charutinho de folhas de uva, ou de repolho (dolmãs em grego) aparecem na cozinha grega, na libanesa e também na de alguns países balcânicos que fizeram parte do Império Otomano. A presença balcânica seria sensível na difusão do iogurte, outro traço característico da cozinha grega.
O tsatisiki, o iogurte com uma salda de pepino é mais um exemplo dessa simbiose, pois também é muito popular na Síria e no Líbano.
O limão está presente em muitos pratos gregos e é preponderante no avgolemono, a sopa de arroz com ovo, de paladar bem marcante. A sopa é a mais popular do país e a mesma combinação de limão e ovo aparece no molho avgolemono, que serve para muitos tipos de carne.